Acordo (de si)
Acordavam e estavam longe de si mesmos, deitados na memória do outro, enlaçados sem sombra de vidas passadas, sem reminiscências que não fossem as palavras com que se davam em contos breves para percorrer a vida antes, ou o que sobrava dela preso a outros dias. Depois, lentamente, lembravam-se do próprio desejo, do cansaço que lhes prendia o corpo à vista da alma, do prazer que não existia sem o infinito olhar que tinham visto com espanto a mudar de tom da noite para o dia.
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