De novo
Ama-se sempre - ou então não lhe chamemos amor, disse, os dedos longos voando sobre as letras, compondo palavras em forma de labareda, escrita ditada dentro do espaço cada vez menos vazio. Sabia do que falava, tinha muita estrada percorrida nos territórios avessos da vida, a cor dos olhos marcada pela esperança às vezes tão distante que lhe doía. Enredado no labirinto onde se esgotara em tempos, nunca se perdeu de si mesmo, imenso e íntegro, corajoso e deslumbrante. Às vezes, por discreto pudor, parecia apenas um homem.
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