Modo(s)
Ela tinha o hábito organizado da fuga sempre que a realidade lhe mostrava uma curva mais fechada. Estava habituada a que o amor fosse nada, ou outra coisa, o que vai dar ao mesmo. Quando chegava de longe um portador de oiro, desdenhava do brilho; quando era incenso que vinha, tossia até as lágrimas lhe toldarem a visão, e mesmo o perfumeda mirra lhe parecia uma qualquer poção barata e desprezível. Tinha os sentidos bem fechados num quarto de que não tinha a chave e durante muito tempo enclausurou-se num mundo seguro e interessante, onde tinha a confortável certeza de gostar do que tinha sem nunca poder ter o que desejava. Um dia, sem esperar, a terra abriu-se e devorou as paredes que a rodeavam com firmeza gentil, e descobriu, à luz pungente de um olhar em chamas, que a sua vida era feita de tempo perdido. Nunca mais foi vista do mesmo modo.
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