Falavam horas a fio, e as conversas entrelaçavam-se, suspendiam o curso natural, volteavam no ar e desciam com suave gravidade até pousarem de novo nos fios de voz. As palavras dele eram imensas, ricas e barrocas, fortes e sardónicas, doces e francas, límpidas até ao limite do dizível. E ela amava-o nas palavras, primeira ponte antes das mãos, passeava nas ruas desenhadas assim, na liberdade das ideias, na autenticidade das emoções, até desembocar nas praças luminosas da verdade, presente de uma noite espraiada em muitas outras, trazida dentro do mais puro cristal.