Tudo tem um tempo, diz o Eclesiastes, e sabe-se, sente-se, aprende-se, aceita-se com maior ou menor esperança, evitando a resignação sem cair no desânimo. A instabilidade é viral, propaga-se prontamente de alma em alma, multiplica-se em segundos na humidade propícia das lágrimas, esconde-se nas pregas dos lençóis mal dormidos, nos sonhos indesejados. Vencê-la é ser mais forte do que as marés em época de solstício, é dominar os impulsos de fuga que prontamente irrompem do kit de sobrevivência guardado numa prateleira alta da memória. É sobretudo preferir viver a realidade, investir nela, persistir no caminho iniciado por benesse pura do acaso e deixado depois à guarda de quem o escolheu para percorrer. É ser responsável pela própria vida e construir aquilo que verdadeiramente se quer.