Os dias continuam cavalos à solta, as noites chegam e só apetece derreter o frio que teima em deixar marcas nas janelas e já não entra até ficar rente à alma. As manhãs iluminam a saída do sonho e oferecem a realidade maior daquele olhar, mais envolvente do que qualquer ficção. As horas escorrem em vertigem e já o dia vai a meio, e o mundo à espera, as regras, os laços, a pressa, a forma. Escrever fica então na margem da voracidade. O sangue pulsa mais forte do que o tempo longo da reflexão. É preciso respirar nos intervalos da revelação. Correm rumores insistentes de que haverá mais tempo, a pouco e pouco, inscrito no fogo da vida.