As manhãs luminosas tinham a marca d'água daquele amor. Mais do que o calor das noites, a lentidão saborosa das palavras, o toque mágico das mãos na tarefa inacabada do (re)conhecimento da pele, era a desmedida luz doirada que os acordava para a evidência do encontro. Cada dia a mais era a medida precisa de felicidade resgatada, a réstea de um passado cada vez mais diluída na distância, cada vez menos audível, imaterial até ao limite do esquecimento provável. Em cada um, à flor dos olhos e no mais denso recesso da alma, a presença do outro ao nascer do dia brilhava com a luz própria, plena e cintilante, da íntima consideração amorosa.