Fim da manhã
As manhãs tinham desaparecido para parte incerta, levando consigo aquela impressão de amplitude para um dia incriado. Foram trocadas por noites que acabavam sempre sobre a madrugada, às vezes povoadas de conversas e de risos, outras revisitadas pelo negrume da inexactidão, reflexo condicionado em forma de dúvida desrazoável.
Havia instantes em que o coração lhe pedia para ver o azul fresco do céu, relembrar a cor do mar antes, muito antes, das gaivotas voarem alto, mas logo se lembrava do essencial. Teria outro verde ao acordar. No fim da manhã.
Publicado em 19 de Fevereiro de 2005