Sem palavras
Há dias assim, em que as palavras não chegam para tocar a vida. Não porque se tenha algo de extraordinário a (d)escrever, ou precisamente porque a magia se tornou um traço comum - o sublime faz parte da massa dos dias, é uma espécie de linho cru onde se bordam as horas, cruzando o fio das ocupações banais com os momentos, repetidos e sempre únicos, em que os olhares se encontram, a respiração se confunde e os limites aparentes dos corpos se diluem na alquimia da paixão tornada fuga dentro do tempo. Há dias assim, em que as palavras não chegam.
Publicado em 14 de Março de 2005