Talvez...
Quanto eu disser não ouças,
quanto eu fizer não vejas;
e, se eu estender as mãos,
não me estendas as tuas.
Aceita que eu exista como os sonhos
que ninguém sonha,
as imagens malditas que no espelho
são noite irreflectida.
Talvez então
de pura solidão
eu desça à vida.
Jorge de Sena
Publicado em 29 de Março de 2005