Eu sei que as túlipas são os olhos de todos os aviões perdidos Eu sei que as cidades são os esqueletos das aves de rapina Eu sei que os candeeiros ardendo de noite são os pulmões dos peixes-voadores Eu sei que o mistério é uma dentadura abandonada Eu sei que a loucura é um braço solitário sorrindo eternamente Eu sei que os meus olhos são as tuas pernas frementes Eu sei que os teus cabelos são o meu acendedor de pirilampos Eu sei que a tua boca é o meu uivo solar Eu sei que o teu peito e o teu sexo são a minha água profundamente azul onde se encontram todos os fantasmas já perdidos há séculos. Mário Henrique Leiria