Sabíamos do mar sem o sabermos, do mar dos mapas, da cor azul do mar, dos naufrágios no mar, do sol solto no mar. Sabíamos do mar sem o sentirmos nos poros dilatados pelo mar, o verdejante mar escalando as montanhas tão bruscas como o sal. Sabíamos do mar em sinuosos sinos assinalando a noite com corações arrepiados, abertos como mãos sulcadas de cabelos e molhadas de rugas e escamas. Sabíamos do mar em signos, símbolos, tropos e metáforas. Sabíamos do mar? Sabíamos o mar. Sabíamos a mar. António Rebordão Navarro