nascem vazias de amarelo as magnólias que se inclinam oblíquas a uma terra despovoada da dimensão da flor murmuram suas pétalas pelo vento galopante e assustado fugido dos desertos que eram florestas lentas azuis as estrelas estalam agapantos jacarandás sangue adormecido dos fenómenos que os olhos à luz fazem desaparecer ausentes as asas adormecem trilhos estilhaçados na terra onde o longe e a distância permanecem na tortura do pensamento sem etecétera Ó as searas de flores os gerânios as açucenas os corações abertos dos rapazes aos lilases perfume de entrega permanente musculado e frágil advento de um tempo que há-de partir mergulhado nos estames das mãos para se transmutar em beijos oferecidos às bocas no chão da terra aturada e escura as magnólias pálidas sombrias escorrem mel torturado e morno onde rapazes deixam o abraço doce permanente como o pecado o orvalho da manhã reclama as magnólias que fecundadas devolvem à terra o sangue dos rapazes exaustos cansados é manhã a terra toda de repente desmaia atormentada nua e quente Henrique Levy