É difícil lutar contra a corrente dos dias contrários. A luz que ilumina pode cegar, o calor que conforta queima de um momento para o outro, gelo inaudito de palavras ausentes. A recusa íntima da banalidade, a constante tentação do abandono, a batalha opondo a convicção à preguiça do relativismo moral. Quando tudo se equivale, nada conta. Quando se perde o fio de prumo, a construção sai torta. E começa, insidioso, trazendo areia e rolos de plantas inelutavelmente secas, a soprar um cansaço indisfarçável. Sem sono, sem paz à vista, a terra semi-oculta na bruma dos dias contrários.