(ou da gratidão feliz) Ontem, a vida ofereceu-me um dia perfeito. Ter uma sala cheia de afectos, poder juntar os de sangue aos que o tempo foi oferecendo, trazidos pela maré cheia da amizade, própria ou partilhada, com cuidado e leveza firme, é uma alegria quase incontida. Ouvir as palavras generosas de alguém que nos lê com paciência e proximidade electiva, como ele próprio disse, e poder finalmente ser surpreendida pela voz que, dando corpo a uma escrita que é (que foi?) nossa, a torna uma coisa outra, puro cristal refulgente a soltar-se daquela voz, são instantes de perfeição. Viver tudo isto envolta no olhar amado tem uma dimensão única longamente só adivinhada, tornada real sem pré-aviso, e foge certa e decididamente à tabela das palavras que possuo - pura eudaimonia. Obrigada.