A sinceridade pode ser uma faca de dois gumes: revela o desconhecido no outro, e assim permite a partilha de percursos, mas deixa entrever o labirinto de uma alma que, estando perto, percorre caminhos longe, invisíveis, incolores, inodoros. A revelação reveste o sabor do vidro moído, às vezes em pó muito fino, tornado açúcar refinado ao olhar, rasgando quase sem dor as entranhas do que se viveu a outra luz - à luz do que então se via, sem saber dos corredores onde, silenciosas, perpassavam sombras de fantasmas sempre vivos, feitiços e assombrações de uma vida real.