No ponto morto do mundo em rotação. Nem came nem espírito; Nem de nem para; no ponto morto, aí está a dança, Mas nem paragem nem movimento. E não se chame a isso fixidez, Onde o passado e o futuro se reúnem. Nem movimento de nem para, Nem ascensão nem declínio. Se não fosse o ponto, o ponto morto, Não haveria dança, e há só a dança. Eu apenas posso dizer, estivemos ali: mas não posso dizer onde. E não posso dizer por quanto tempo, pois seria situar isso no tempo. A liberdade interior do desejo prático, A libertação de acção e sofrimento, libertação da compulsão Interior e exterior, e no entanto tendo à volta Uma graça de sentido, uma luz branca em repouso e em movimento, Erhebung sem movimento, concentração Sem eliminação, ao mesmo tempo um novo mundo E o velho tomado explícito, compreendida No remate do seu êxtase parcial A resolução do seu horror parcial. Todavia o encadeamento de passado e futuro Tecido na fraqueza do corpo em mutação Protege a humanidade do céu e da danação Que a carne não pode suportar. O tempo passado e o tempo futuro Apenas concedem um pouco de consciência. Estar consciente é não estar no tempo Mas apenas no tempo podem o momento no roseiral, O momento no caramanchel onde a chuva batia, O momento na igreja desabrigada ao entardecer Ser lembrados; envolvidos em passado e futuro. Apenas pelo tempo o tempo é conquistado. T. S. Eliot, in Burnt Norton, trad. Maria Amélia Neto.