(em pergaminho a desfazer-se no pó dos dias passados) Já falámos, e apenas quero "resumir": quem escolheu as regras do jogo foste sempre tu. Quem nunca se conformou fui sempre eu. Quem pode decidir do que (já não) temos somos nós, cada um por si. Aceito (finalmente...) a amizade eventual, e não invoco imaturidade para me desligar da jura que fiz quando estava cega de esperança e tu senhor de tudo. Quero somente que percebas que foi o teu próprio jogo que perdeste - desisti do amor contigo, mas aceitarei a amizade, a falta de complacência, a solidariedade (aqui, nesta dimensão, fica-se sempre...). Mas tenho agora o amor autêntico, fora de jogos e simulacros da "vã glória de mandar", e há a minha necessidade de viver essa outra coisa maior que não esteve na tua vontade dar-me - o puro desejo de ser necessária e suficiente na vida de alguém que também o seja na minha vida. É assim o amor, não uma qualquer exclusividade funcional imposta por contrato - mas deixemos isto, são águas passadas e, se nunca percebeste antes, não vai certamente ser agora. Quero amor na minha vida, senti essa falta - sem ele amarguro-me, azedo, frustro-me, disparato, choro. Não podes chamar a isto traição - a vontade própria a ditar os contornos de um novo caminho, até ao ponto da minha disponibilidade; o que ponho na minha vida, dez anos depois de pagar para ver sem retorno, dificilmente é traição - não tens direito a pedir ou exigir mais do que sabes dar. Aguenta as consequências. Sem complacência mas com equidade.