(ou pós de romantismo?) Dois! Eu e Tu, num ser indissolúvel! Como Brasa e carvão, centelha e lume, oceano e areia, Aspiram a formar um todo,– em cada assomo A nossa aspiração mais violenta se ateia... Como a onda e o vento, a lua e a noite, o orvalho e a selva, – O vento erguendo a vaga, o luar doirando a noite, Ou o orvalho inundando as verduras da relva – Cheio de ti, meu ser d'eflúvios impregnou-te! Como o lilás e a terra onde nasce e floresce, O bosque e o vendaval desgrenhando o arvoredo, O vinho e a sede, o vinho onde tudo se esquece, – Nós dois, d'amor enchendo a noite do degredo, Como parte dum todo, em amplexos supremos Fundindo os corações no ardor que nos inflama, Para sempre um ao outro, Eu e Tu pertencemos, Como se eu fosse o lume e tu fosses a chama. António Feijó, in Sol de Inverno, 1922