(...)A verdade é que nos amamos um ao outro, nunca deixámos de nos amar, somos obcecados. E não conseguimos fazer nada, uma única coisa, com esse amor. Não conseguimos fazer uma vida. Não fomos capazes de renunciar ao amor, mas recusámos vergar-nos ao seu poder.É fácil descrever o problema, mas nós não o descrevemos na altura. Nunca dissemos «escuta, é isto que sentimos, que vamos fazer a partir daqui?». Não, foi sempre desordem, discussões, disposições a respeito dos filhos, caos quotidiano, separação crescente e países diferentes. Ian McEwan, in Cães pretos, ed. Gradiva.