O Amor é uma coisa que desliza por cima das lagoas que corre pelos campos sem sentido que empurra o vento e apruma o sol no solstício que derruba a bruma e fecha o horizonte que nos faz ver de noite e de dia cegos tacteando o ar sem provimento que dá o movimento aos astros e às sombras infinitas que abre o mar por onde os escravos passam e ficam livres semsaber é a cascata que nos dilui e lança na corrente sem perfídia até ao oceano dos sentidos é o iceberg que se funde e derrota os titanics que passam solitários pelas albas é o assombro da manhã o cantar dos ralos nas searas o despertar das aves e rebanhos o charco onde crescem amarelo e roxo as flores da primavera é só eu e tu como nas novelas Henrique Ruivo