A propósito do novo livro de Maria Filomena Mónica, Bilhete de Identidade, escrevePedro Mexia: "O intimismo em causa própria é inteiramente legítimo; o intimismo que implica terceiros é mais melindroso. Tenho por isso alguma pena que este desassombrado testemunho seja um sucesso de vendas pelas razões mais básicas: porque as pessoas querem saber quem dormiu com quem (e como correu). É justamente aí que reside a diferença exactaentre bom gosto e exibição (nada gratuita, por sinal). Não é de todo fácil escrever textos de algum modo intimistas e nunca nomear quem, por efeito do mero decurso do tempo (ou misericórdia dos deuses) não partilha o presente de quem escreve - estando, por isso, afastado da circunstância em que étrazido à pública narrativa o que foi vivido no foro privado. Mas, como se sabe, sobre o que não se pode (ou, neste caso, deve) falar é melhor calar. Puro bom senso.