Um lado do teu rosto era sempre o estio. Ondas, mansamente, a boca, o mormaço. Eu era um pássaro espiando a luz e o grão. Sem pressa, pousava: teus cabelos, a restinga, a chuva da tarde. Mas tua outra face não esperava e nela estranhos bichos subiam do mar fundo à terra. Se tocados, um líquido, mijo ou lágrima, queimava, repelia, insultava. Tudo em mim, então, era uma concha que se fechou de susto e os penhascos doíam sem nenhum remédio. Era quando, durante toda a noite, eu queria apenas morrer. E morria. Mais de uma vez, fui um homem que se afogou na barra. Eucanaã Ferraz