Da repetição variável
Noivo e noiva executaram a dança de Isaías. Anca a anca, braços e mãos entrelaçados, Desdemona e Lefty tornearam o capitão uma e outra vez, tecendo o casulo da sua vida juntos. Não havia aqui qualquer linearidade patriarcal. Nós, os gregos, casamos em círculos, a fim de imprimirmos em nós próprios as realidades matrimoniais mais elementares. É assim que, para sermos felizes, precisamos de encontrar a variedade na repetição, e que para seguirmos em frente precisamos de voltar ao mesmo sítio de onde partimos.
Jeffrey Eugenides, in Middlesex, trad. Pedro Serras Pereira, ed. Dom Quixote.
Publicado em 1 de Novembro de 2005