Desejo
Quero acabar entre rosas, porque as amei na infância.
Os crisântemos de depois, desfolhei-os a frio.
Falem pouco, devagar.
Que eu não oiça, sobretudo com o pensamento.
O que quis?Tenho as mãos vazias,
Crispadas flebilmente sobre a colcha longínqua.
O que pensei?Tenho a boca seca, abstracta.
O que vivi?Era tão bom dormir!
Álvaro de Campos
Publicado em 28 de Novembro de 2005