Pela noite à eterna dor se chega cruel é a terra, diversa terra quando teu rosto se esvai e a névoa com voz de pranto cai jamais leve sobre nós. De breve uso, cresce no peito uma tímida pálida alegria precioso corpo luz, borboleta de asas nítidas e tranquilas que vigia o coração dos mortos. Diz-me secretas brandas palavras porque sou refúgio e escombro de um vasto dia, áspero exílio nas suaves sílabas de precisos e curvos juncos, clarão sem sol. Desce então pelo fulgor da luz espírito suspenso em minhas mãos. A espera é movimento cego. Desce, sonâmbulo, extenso amor. Ana Marques Gastão