Um dia
                Há um dia em que indeléveis 
nos levantamos 
com um copo de água vazio da noite.
Caminhamos até a uma torneira amiga
e enchemos novamente o copo.
Enquanto se verte a água que sobeja
pensamos no jogo do pião, 
nas trocas nas maternidades 
e na vontade que temos em nascer 
todos os dias.
É a primeira água da manhã 
que nos engravida os sentidos.
Depois, apenas a mercearia persiste
e é assaltada muitas vezes por ano, 
tal como a nossa juventude.
Nuno Travanca
            
            Publicado em 24 de Novembro de 2005