Este que vês, de cores desprovido, o meu retrato sem primores é e dos falsos temores já despido em sua luz oculta põe a fé. Do oculto sentido dolorido, este que vês, lúcido espelho é e do passado o grito reduzido, o estrago oculto pela mão da fé. Oculto nele e nele convertido do tempo ido excusa o cruel trato, que o tempo em tudo apaga o sentido; E do meu sonho transformado em acto, do engano do mundo já despido, este que vês, é o meu retrato. Ana Hatherly