*Deves mudar a tua vida Torso Arcaico de Apolo Não sabemos como era a cabeça, que falta, De pupilas amadurecidas, porém O torso arde ainda como um candelabro e tem, Só que meio apagada, a luz do olhar, que salta E brilha. Se não fosse assim, a curva rara Do peito não deslumbraria, nem achar Caminho poderia um sorriso e baixar Da anca suave ao centro onde o sexo se alteara. Não fosse assim, seria essa estátua uma mera Pedra, um desfigurado mármore, e nem já Resplandecera mais como pele de fera. Seus limites não transporia desmedida Como uma estrela; pois ali ponto não há Que não te mire. Força é mudares de vida. Rainer Maria Rilke, trad. de Manuel Bandeira.