O dia lavou o cinzento do céu e trouxe-lhe o fim daquele pequeníssimo exílio tão extremo. O caminho de regresso seria longo e só sabia que tinha de esquecer para matar a vertigem, que era urgente queimar as folhas de assento da decepção, suportável, exígua, espuma das marés inevitáveis - esquecer o passado distante, que doeu ou podia ter doído, o passado ainda em decomposição na antecâmara da alma, que marcou ou podia ter marcado, o passado recente, que apenas podia ter desiludido. E lembrar que tinha escolhido uma aprendizagem constante - o difícil desígnio de saber separar o trigo do joio na peneira dos dias (ainda) por viver.