Ninguém se aproxima
(gentileza de Amélia Pais)
Ninguém se aproxima de ninguém se não for num murmúrio,
entre flores altas:camélias de ar
espancado, as labaredas dos aloés erguidas
de uma carne difícil.
A beleza que devora a visão alimenta-se da desordem.
O espaço brilha dela, sussurra quando passa por uma imagem
tão leve que não suporta o peso
brusco
do sangue - as veias da garganta contra a boca.
Herberto Helder
Publicado em 21 de Fevereiro de 2006