III Viver com a crueldade da criança que tira os olhos ao pássaro um desconhecido movendo-se constantemente no deserto em que cada pegada deixa bem marcada na areia a imagem dessa outra existência em que a morte e a memória ainda nada significam mais alto muito mais alto talvez que a claridade do voo das aves que partem para o desconhecido o próprio corpo nada mais é do que a sombra bem simples por sinal em que, por erro nosso ou dos outros, já não existe a persistência do que foi perdido e as mãos as mãos que sentimos bem presassegurasaptas essas todos sabemos que podem ainda cada vez mais esmagar com cuidado com extremo cuidado dilacerar suavemente nos olhos está o amor Mário-Henrique Leiria