Pairo sobre a cidade sem ti entre vultos de língua estrangeira sem pressa de chegar a um qualquer destino o rio baço e resignado as flores inúteis sem nexo o frenesim das gentes atento apenas aos lugares onde tu estás dentro de mim À sombra dos plátanos brincas com as manchas de luz que nos vestem os corpos macio o musgo a brisa acorda murmúrios segredos da tua alma antiga há séculos menina que voltaste a ser nos meus braços Nos teus olhos translúcidos ainda passam sombras que a ternura afasta lentamente Menina do fundo dos tempos menina do universo luz de uma longa noite Não sentes o mar, as neblinas o castanho doirado das folhas com laivos de agonia? Vem, é outono José Carlos Teixeira