Porque agora o que mais nos inquieta nesta funda ravina onde de rastos o corpo declinamos suportamos onde o canto dos pássaros se apresta ao exílio capaz deste deserto porque agora aquilo que nos faz voltar os olhos e não ver além das cores o branco e o silêncio além da música do sangue pelos troncos e do frio nos ramos e nas sebes que ornam o tempo ano a ano aquilo que agora nos acode é sermos a voz única que grava nesta pedra os sítios da memória os rituais da espera porque agora reparamos e nos frutos sentimos já os dentes com a nova revolta chamada talvez resignação porque temos é forçoso de aceitar que a estação que vivemos agora e se eterniza não é mais do que a única estação. Nuno de Figueiredo