O céu nocturno está cheio de vida terrestre. As estrelas são flores. As constelações animais ao espelho. A memória de que são feitas as estrelas é a matéria de outro sangue. Olho o céu de noite como se visse a terra de dia. O céu é um estábulo onde a luz é matéria sublimada. Os animais da terra comem flores os do céu comem estrelas. Em vez de sangue têm luz. Vejo-me calado entre os homens celestes que se movem na abóbada como ideias. O céu também é um chão. Um chão feito de memória. Pisam-se lá em cima astros como se pisam pedras em baixo. António Cândido Franco