sucedem-se os dias húmidos por dentro da minha espera adio o arco-íris o salto montês da cabra que trago no peito grande a náusea perfuma a dor dos verões suspensos cegos se aquece a alma erguida na ponta dos pés do desassossego arredondam-se as estações neste gesticular incerto de índio largo coração galego esqueço-me com coisas livres minúsculas vermes róseos longos braços barcos à deriva que tenho do mar espreito a fundo as horas que me separam do jazigo ou berço de boca amarga à gargalhada empreendo a lágrima lúcida solar se verte o sangue no circo dos ágeis dedos de não voar queria-me eu apto e louro com olhos de maçã cheios de amor já pestanejo as emoções seguintes que se anunciam verdes no chegar do veado friorento que vem comer as ervas litorais dobro-me à mulher à página ao morto inesperado e para quê? Dórdio Guimarães