Estava eu no segundo passo da ditosa via sacra da contracultura - charros, beatniks, Guy Debord - quando dei comigo a ler um poeta conservador e a pensar na beleza enigmática das suas imagens, na mesa posta com autoridade; uma força que me remetia para a precisão do mal e para a contraposta redenção estética da vida. Nessa altura conheci um rapaz que me dizia as coisas mais desagradáveis, por exemplo: "nem oito nem oitenta" ou "cuidado com as vírgulas nos olhos". Foi ele que me ensinou a não confundir a fome com a pressa de comer. A condição natural do jovem lobo, dizia, está na via sinuosa. As paredes de neve cada vez mais alta, a vida retirada... José Miguel Silva