O tempo ou a distância
O tempo ou a distância
nos mantiveram assim, desconhecidos
os rostos encostados à paisagem
as nossas lágrimas nestes vidros
de inverno
violentados, sós
mas sem a hipocrisia dos natais
A adolescência ainda me dói
como o vermelho dos órgãos
submersa, corno numa cave
sons e imagens desfocadas
Em que país te sinto estremecer
tocar música como o teu olhar
magoado?
Olha é tudo transitório
o amor, o clima, os filhos
as marés
até os hábitos
Cada momento é uma
semente que germina
mesmo que seja do desencanto
José Carlos Teixeira
Publicado em 5 de Maio de 2006