Não penses, meu amor, que no seio guardo o tumultuar do sangue, o frenesi de que ardo, os uivos dela, os gritos de bacante em cio, quando, como uma cobra, sob mim se torce, e em beijos que remordem e na carícia urgente vem o estertor final da consumada posse. Mais doce és tu, amor, tão sossegada e calma - pelo prazer dorido com que eu sou todo alma quando, após longamente suplicar-te ansioso, com pudica modéstia cedes ao meu gozo e a mim te dás enfim, mas desviando o olhar, aos meus ardores tão fria e sem me ouvires falar, mas despertando... ah quão devagar tu despertas... até que, a contragosto, o meu prazer é o teu. Alexander Pushkin, trad. Jorge de Sena.