Ah onde estão os relógios que nos davam o tempo generoso os dedos virtuosos os pezinhos musicais do tempo as salas onde o luxo abria as asas e voava de cadeira em cadeira de sorriso em sorriso até cair exausto mas feliz na almofada muito azul do sono Onde está o amor a sublime rosa que os amantes desfolhavam tão alheios a tudo raptados pela mão aristocrática do tempo o amor feito nos braços no regaço de um tempo fácil perdulário vosso Hoje não é fácil o tempo já não é vosso o tempo viajantes do sonho que divide doces irmãos da rosa colunas do templo do Imóvel prudentes amigos da vertigem deliciados poetas duma angústia sem vísceras reais já não é vosso o tempo. Noivas do invisível não é vosso o tempo Relógios do eterno não é vosso o tempo Alexandre O´Neill