Não digas o teu nome: ele é Esperança vai até aos que sofrem sozinhos à margem dos dias e é a palavra que não escrevem sobre as quatro paredes do tempo o admirável silêncio que os defende ou o sorriso o gesto a lágrima que deixam nas mãos fiéis Não digas o teu nome: quem o não sabe quem não sabe o teu nome de fogo quem o não viu entrar na sua noite de pobre animal doente e tomar conta dela mesmo só pelo espaço de um sonho O teu nome até os objectos o sabem quando nos pedem um uso diferente os objectos tão gastos tão cansados da circulação absurda a que os obrigam As coisas também gritam por ti E as cidades as cidades que morreram na mesma curva exemplar do tempo estão hoje em ti são hoje o teu nome levantam-se contigo na vertigem das ruas no tumulto das praças na espera guerrilheira em que perfilas o teu próprio sono Alexandre O´Neill