(gentileza de Amélia Pais) Poderei, com esta harpa de cordas tensas, com as pérolas deste colar de sons e mágoa, tocar o teu ouvido ou a tua alma, poderei chegar sem que o vento me anuncie, mais perto dessa cama que nunca foi o céu ou a terra ou o mar e onde, impiedosa, não se abrisse a tempestade? É talvez uma asa, um ser aflito, aquilo que chega ao alpendre e em veloz sombra inicia a sua viagem, de norte para sul, para a brisa que arrefece a cal, quando em silenciosa migração as tuas aves partem para sempre e é mais triste o promontório com o farol que já não acendes. José Agostinho Baptista