Por detrás desta porta, uma de todas as portas que para mim se abrem e se fecham, estou eu ou o universo que eu penso. Deste meu lado, dois olhos que vigiam os fenómenos naturais, incluindo a celeste mecânica e as sociedades humanas, sedentárias e transumantes. Mas podem os olhos fazer a sua enumeração, e pode o pensado universo infindamente ir-se, que para mim o que hoje importa é aquela olhada vaga porta. Que ela seja só como a vejo, a porta branca, com duas almofadas em recorte, lançada devagar sobre o vão do jardim, onde o gato, por uma fenda aberta pela sua pata, tenta ver-me, tão alheio a versos e a universos. Fiama Hassa Pais Brandão