Duas horas mortas a meio de uma tarde chuvosa de sexta feira; a universidade mais deserta do que o habitual, a luz a declinar cedo, o cansaço da semana a ganhar terreno mau grado o acréscimo de cafeína em desespero de causa. E, de súbito, o fulgor: em poucos minutos, chegar perto do jardim que se tornou sereno e entrar na pequena casa que guarda em Lisboa algumas das obras de Vieira da Silva e Arpad Szenes. Tomar mais um café, desta vez por simples ritual de gosto cúmplice, e passear nas salas desertas, à luz de quadros revistos em doçura plena. Aproveitar a visita temporária de Sonia Delaunay (27 de Outubro 06 a 25 de Fevereiro 07) e fruir o movimento, as cores, os padrões, a leveza geométrica de uma simplicidade desarmante. Voltar a tempo de dar a última aula da semana, com a alma cheia de uma vida nova.