Vou pôr anúncio obsceno no diário pedindo carne fresca pouco atlética e nobres sentimentos de paixão. Desejo um ser, como dizer, humano que por acaso me descubra a boca e tenha como eu fendidos cascos bífida língua azul e insolentes maneiras de cantar dentro da água. Vou querer que me ame e abandone com igual e serena concisão e faça do encontro relatório ou poema que conste do sumário nas escolas ali além das pontes. E espero ao telefone que me digam se sou feliz, real, ou simplesmente uma espuma de cinza em muitas mãos. António Franco Alexandre