À Paixão
                Porque a tamanhas penas se oferece
 pelo pecado alheio e erro insano 
o terno Deus? Porque sujeito humano
 não pode com o castigo que merece? 
Quem padecera as penas que padece, 
quem sofrera desonra e tanto dano, 
ninguém senão somente o Soberano 
que reina, serve, manda e obedece? 
Foi a força do homem tão pequena, 
que não pode sofrer tanta aspereza, 
que não sustém a lei que Deus ordena: 
Sofreu aquela imensa fortaleza 
por puro amor à nossa vil franqueza; 
para o erro foi só, e não p’ra pena. 
Francisco Galvão
            
            Publicado em 28 de Fevereiro de 2007