De teus olhos em água saltam inscrições em fogo, assim como existe um outro mar que se desdobra além das ondas, um calendário nas sombras que se diluem nas paredes. De teus olhos em água, as inscrições em fogo tingem de nova cor a paisagem e dão às horas o enigma dos minerais. Das inscrições em fogo, o amor e sua linguagem de água, o amor e suas sombras nas areias da memória. o amor e a escritura de seu abandono, as tenebrosas buscas, as urtigas da dúvida, o trigo interrompido, o gesto não pendoado, o grão das horas a arder sob o sol das esperas. O amor e suas mãos que palmilham palavras, o inatingível, o inumerável, o que não se conhece, o que não se aprende jamais. Carlos Augusto Viana