Esqueço todas as coisas importantes com a mesma facilidade com que esqueço as triviais. Esqueço por repressão, por sublimação, acto falhado. Esqueço porque o que se esquece não nos magoa. Pedro Mexia, in Notícias Sábado,10 de Fevereiro de 2007. Esquecer é uma benção, de facto. Às vezes, a memória não apaga completamente o que passou, se viveu - aplica uma camada de verniz difuso, constrói um blurr cinematográfico e deixa-nos a sós com a perplexidade de uma lembrança incompleta, informe e duvidosa: aquilo aconteceu assim, ou de outra forma? Aquilo aconteceu de todo? A memória não responde claramente, faz-se desentendida, e a vida vivida mostra a aparência translúcida dos sonhos. Os momentos vãos, inúteis, nem sempre são os escolhidos para esta tarefa misericordiosa de apagamento - ea índole de cada um molda o misterioso filtro da triagem.