(gentileza de Amélia Pais) Um homem e uma mulher absolutamente brancos Lá no fundo do guarda-sol vejo as prostitutas maravilhosas Com trajes um pouco antiquados do lado da lanterna cor dos bosques Levam a passear consigo um grande pedaço de papel estampado Esse papel que não se pode ver sem que o coração se nos aperte nos andares altos de uma casa em demolição Ou uma concha de mármore branco caída no caminho Ou um colar dessas argolas que se confundem atrás delas nos espelhos O grande instinto da combustão conquista as ruas onde elas caminham Direitas como flores queimadas Com os olhos na distância levantando um vento de pedra Enquanto imóveis se abismam no centro da voragem Nada se iguala para mim ao sentido do seu pensamento desligado A frescura do regato onde os sapatinhos delas banham a sombra dos seus bicos A realidade daqueles molhos de feno cortado onde desaparecem Vejo os seus seios que abrem uma nesga de sol na noite profunda E que se abaixam e se elevam a um ritmo que é a única exacta medida da vida Vejo os seus seios que são estrelas sobre as ondas Seios onde chove para sempre o invisível leite azul André Breton