(gentileza de Amélia Pais) Mais baixo ainda meu amor calemo-nos Este fruto aberto ao sol Os teus olhos como o sopro d' aurora Como o sal das sarças reveladoras Calemo-nos calemo-nos há em qualquer lado Um coração que chora sobre um coração Pela última aventura Pelo tumulto total Calemo-nos nada pode recomeçar Esqueçamos as lâmpadas as horas sagradas Esqueçamos os fogos-fátuos do dia O nosso prazer nos arruína Mais baixo ainda meu amor Ah mais baixo meu querido amor Estas coisas devem murmurar-se Como entre dois moribundos Logo deixaremos de querer distinguir A franja de rugas nos nossos rostos Ah olhemos o cintilar das estrelas Mesmo no segredo de nossos dedos Fitemos tudo o que recusa O ouro destruído da lembrança O belo quarto de outros tempos E seus braços de faíscas surdas Calemo-nos esqueçamos tudo Afoguemos as palavras mágicas Preparemos as nossas ternas cinzas Para o grande silêncio inexorável Alain Grandbois, trad. Ruy Ventura